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title: Biogás
author:
  - Linda Carvalho Cosendey
date: 2024-02-28
tags: #utilidades
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# Biogás

## 1. Introdução

O biogás é uma fonte de energia renovável que tem se destacado como
alternativa sustentável para geração de eletricidade, calor e
substituição de combustíveis fósseis. Seu processo de obtenção ocorre
por meio da digestão anaeróbia de matéria orgânica, resultando em um gás
composto majoritariamente por metano e dióxido de carbono. Com uma gama
diversificada de aplicações, o biogás pode ser utilizado na cogeração de
energia, no setor industrial e até mesmo no abastecimento veicular,
reduzindo impactos ambientais e promovendo maior eficiência no uso de
resíduos.

Além de seu potencial energético, a produção e utilização do biogás
estão alinhadas com estratégias globais de sustentabilidade,
contribuindo para a mitigação das emissões de gases de efeito estufa e
para a valorização de resíduos orgânicos. No entanto, apesar de seus
benefícios, desafios técnicos e econômicos ainda precisam ser superados
para viabilizar sua adoção em larga escala. Questões como armazenamento,
transporte, purificação e controle de emissões precisam ser geridas
adequadamente para garantir a segurança e eficiência do processo.

Dessa forma, este relatório busca apresentar os principais aspectos do
biogás, abordando sua história, características, processos de produção,
aplicações industriais e limitações. O objetivo é fornecer uma visão
abrangente sobre seu potencial como recurso energético, destacando tanto
suas vantagens quanto os desafios que precisam ser superados para sua
consolidação como fonte viável e sustentável.


## 2. História

A produção de biogás é conhecida há séculos, mas sua utilização como
fonte de energia ganhou destaque apenas nas últimas décadas. Registros
indicam que na Índia e na China o biogás já era utilizado para
saneamento básico e geração de energia muito antes da crise do petróleo.
No Ocidente, no entanto, só teve sua relevância reconhecida após as
crises energéticas do século XX, quando fontes alternativas passaram a
ser mais exploradas [^1].

Inicialmente, o biogás era visto apenas como um subproduto da
decomposição anaeróbia de resíduos orgânicos, sendo sua produção
associada ao tratamento de efluentes. A principal motivação era reduzir
a carga orgânica desses efluentes, mitigando impactos ambientais.
Entretanto, com a ratificação do Protocolo de Kyoto e a implementação de
mecanismos de desenvolvimento limpo (MDL), além do aumento nos custos
dos combustíveis convencionais, a geração de biogás passou a ser
reconhecida como uma alternativa energeticamente eficiente e
ambientalmente viável [^2].

O desenvolvimento tecnológico permitiu avanços na produção e no
aproveitamento do biogás, tornando-o uma fonte versátil. Ao longo das
últimas décadas, consolidou-se como uma solução para reduzir as emissões
de gases de efeito estufa e promover a transição energética para fontes
mais sustentáveis [^3]. Sua produção está diretamente alinhada com os
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, contribuindo para
um futuro mais equilibrado ao permitir a gestão adequada de resíduos e a
eficiência na utilização de recursos naturais [^4].

Dessa forma, o biogás emerge como uma alternativa promissora, não apenas
como fonte renovável de energia, mas também como solução ambiental para
a gestão de resíduos, destacando-se como uma tecnologia chave para um
desenvolvimento mais sustentável.


## 3. Características

O próprio nome "bio”gás remete à sua origem biológica. Trata-se de um
gás gerado pela decomposição de matéria orgânica em ambientes sem
oxigênio, um processo conhecido como digestão anaeróbia. Esse fenômeno
ocorre naturalmente em locais como pântanos, lagoas, esterqueiras e no
trato digestivo de animais ruminantes. Durante essa decomposição, a
matéria orgânica é convertida em um gás composto principalmente por
metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2), além de pequenas quantidades de
hidrogênio (H2), sulfeto de hidrogênio (H2S), nitrogênio (N2), oxigênio
(O2), amônia (NH3) e vapor d'água (H2O) [^5].

A composição exata do biogás depende dos materiais utilizados no
processo e das condições em que ocorre a fermentação. O teor de metano
pode variar entre 50% e 75%, sendo esse o principal componente
responsável pelo poder energético do gás. Já o dióxido de carbono, que
pode corresponder a até 50% da mistura, não possui propriedades
combustíveis, e sua remoção melhora a eficiência energética do biogás.
Por outro lado, o sulfeto de hidrogênio deve ser removido, pois sua
presença pode ser corrosiva e prejudicial aos equipamentos [^5] [^6].

A obtenção do biogás pode ser feita a partir de diversas biomassas, como
resíduos agroindustriais, dejetos de animais, resíduos urbanos e
subprodutos de processos industriais que envolvem matéria orgânica. Além
de gerar energia, a digestão anaeróbia contribui para a gestão
sustentável de resíduos, reduzindo seu acúmulo e minimizando impactos
ambientais. Outro benefício do processo é a produção de
biofertilizantes, que são ricos em nutrientes e podem ser aproveitados
na agricultura [^7].

A composição do biogás pode ser melhor compreendida por meio da Tabela
1, que apresenta as concentrações típicas dos seus principais
componentes e suas características químicas [^7] [^8].

_**Tabela 1.** Composição do biogás_

| Gás                     | Símbolo              | Concentração no biogás (%)  |
| --------                | -----------------    | --------                    |
| Metano                  | CH4                  | 50-80                       |
| Dióxido de carbono      | CO2                  | 20-40                       |
| Hidrogênio              | H2                   | 1-3                         |
| Nitrogênio              | N2                   | 0,5-3                       |
| Gás sulfídrico e outros | H2S . CO . NH3       | 1-5                         |

Fonte: Coldebella, 2006 [^7]; Zanette, 2009 [^8].


## 4. Processos de produção

A degradação microbiológica de resíduos orgânicos em um ambiente sem
oxigênio molecular resulta na produção de biogás e ocorre em quatro
fases distintas. Cada fase envolve grupos fisiológicos específicos de
bactérias do domínio Archaea (anaeróbios). Inicialmente, as bactérias
fermentativas atuam nas etapas de hidrólise e acidogênese. Em seguida,
as bactérias acetogênicas são responsáveis pela acetogênese. Por fim, as
bactérias metanogênicas realizam a metanogênese, resultando na formação
do biogás [^6].

A Figura 1 ilustra o esquema geral do processo de produção de biogás,
que será detalhado a seguir.

![Esquema de produção de biogás](./image1.png)

_**Figura 1.** Esquema de produção de biogás_

Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de: Rocha e Mendes, 2024 [^6];
Rohstoffe, 2010 [^5].


### 4.1 Hidrólise

A etapa de hidrólise é o primeiro estágio da degradação anaeróbia de
resíduos orgânicos e envolve a quebra de macromoléculas em compostos
menores e solúveis, facilitando sua absorção pelas bactérias. Nesse
processo, as bactérias fermentativas hidrolíticas secretam enzimas
extracelulares, conhecidas como hidrolases, que atuam sobre biopolímeros
complexos, como polissacarídeos, proteínas, ácidos nucleicos e gorduras.
Os polissacarídeos são convertidos em açúcares solúveis, como
monossacarídeos e dissacarídeos; as proteínas são degradadas em
peptídeos e, posteriormente, em aminoácidos; enquanto os lipídios são
transformados em ácidos graxos de cadeia longa (C15 a C17) e glicerol
[^9].

### 4.2 Acidogênese

Na fase de acidogênese, as bactérias fermentativas acidogênicas
convertem os materiais solúveis provenientes da hidrólise em ácidos
gordos voláteis, como os ácidos acético, propiônico e butírico. Além
disso, nesse processo ocorrem a produção de dióxido de carbono e
hidrogênio, bem como a formação de pequenas quantidades de ácido lático
e álcoois. A composição dos compostos sintetizados nessa etapa varia de
acordo com a concentração de hidrogênio intermediário presente no meio
[^5].

### 4.3 Acetogênese

A etapa de acetogênese é responsável pela conversão dos compostos
formados nas fases anteriores em substâncias que possam ser utilizadas
pelas bactérias metanogênicas. Nessa fase, ocorre predominantemente a
desidrogenação dos ácidos gordos voláteis, resultando na formação de
acetato, além da liberação de hidrogênio e dióxido de carbono. Contudo,
as bactérias acetogênicas são sensíveis a elevadas concentrações de
hidrogênio, sendo essencial que as bactérias metanogênicas consumam esse
gás para manter o equilíbrio do processo. Além disso, o hidrogênio e o
dióxido de carbono gerados podem reagir entre si, originando mais ácido
acético, que também servirá como substrato para a produção final de
biogás [^10] [^6].

### 4.4 Metanogênese

Na etapa final da produção de biogás, ocorre a formação de metano pelas
bactérias metanogênicas. Esses microrganismos anaeróbios convertem o
hidrogênio, o dióxido de carbono e o ácido acético em metano e dióxido
de carbono. No entanto, são extremamente sensíveis a variações
ambientais, como temperatura e pH. As bactérias responsáveis pela
produção de biogás são predominantemente mesofílicas, funcionando bem em
temperaturas entre 35 e 45ºC. Alterações bruscas na temperatura podem
comprometer sua sobrevivência, resultando em uma redução significativa
na produção de biogás [^11].


De forma geral, as quatro fases da decomposição anaeróbia acontecem
simultaneamente dentro de um sistema de um único estágio. No entanto,
como cada grupo de bactérias possui condições ambientais específicas,
como preferências de pH e temperatura, é necessário encontrar um
equilíbrio adequado na tecnologia utilizada para otimizar o processo e
garantir sua eficiência [^5].

Para ilustrar visualmente os conceitos abordados sobre a produção e
utilização do biogás, recomenda-se assistir o vídeo "A Journey into
Biogases". O recurso apresenta, de forma objetiva, o processo de geração
do biogás e algumas de suas aplicações práticas. Ele está disponível em:
[^12].


## 5. Aplicações industriais

O biogás possui um significativo potencial energético e pode ser
utilizado como alternativa a diversas fontes convencionais de energia. A
eficiência de sua conversão em eletricidade e calor depende da
composição do biogás, especialmente do teor de metano, que influencia
diretamente seu poder calorífico. Em condições normais de pressão e
temperatura, o metano puro possui um poder calorífico inferior (PCI) de
aproximadamente 9,9 kWh/m³. No entanto, em condições típicas de
produção, devido à variação na composição do biogás, com teores de
metano entre 50% e 80%, seu PCI pode oscilar entre 4,95 e 7,92 kWh/m³.
Isso afeta sua equivalência energética com outros combustíveis e sua
aplicabilidade em diferentes processos industriais [^13].

A tabela 2 abaixo apresenta a equivalência energética do biogás em
relação a diferentes fontes de energia, conforme valores estimados por
diversos autores. Esses valores indicam a quantidade de biogás
necessária para fornecer a mesma quantidade de energia que uma unidade
de cada combustível listado. A interpretação desses dados é essencial
para avaliar o potencial do biogás como substituto de combustíveis
convencionais.

_**Tabela 2.** Equivalência energética do biogás comparado a outras
fontes de energias_

| Energético         |Ferraz (1980)[^1]|Sganzerla (1983)[^18]|Nogueira (1986)[^19]|Santos (2000)[^14]|
| --------           | ----------------| --------            |  --------          | --------         |
| Gasolina (L)       | 0,61            | 0,613               |   0,61             |  0,6             |
| Querosene (L)      | 0,58            | 0,579               |   0,62             |  -               |
| Diesel (L)         | 0,55            | 0,553               |   0,55             | 0,6              |
| GLP (kg)           | 0,45            | 0,454               |   1,43             |  -               |
| Álcool (L)         | -               | 0,79                |   0,80             | -                |
| Carvão mineral (kg)| -               | 0,735               |   0,74             | -                |
| Lenha (kg)         | -               | 1,538               |   3,5              | 1,6              |
| Eletricidade (kWh) | 1,43            | 1,428               |   -                | 6,5              |

Fonte: Muncinelli, 2019 [^13].

Por exemplo, segundo Ferraz et al, em 1980 [^1], um litro de gasolina
equivale a aproximadamente 0,61 m³ de biogás, o que significa que essa
quantidade de biogás seria necessária para gerar a mesma energia contida
em um litro de gasolina. Para o diesel, os valores são semelhantes,
variando entre 0,55 e 0,6 m³ de biogás conforme diferentes fontes. Isso
demonstra que o biogás pode ser uma alternativa viável para a
substituição desses combustíveis fósseis em aplicações industriais e de
transporte.

Outro ponto relevante é a equivalência com a eletricidade. Ferraz et al
[^1] indicam que 1,43 m³ de biogás podem gerar 1 kWh de eletricidade,
enquanto Santos [^14], em 2000, apresenta um valor consideravelmente
maior, de 6,5 m³ por kWh. Essa discrepância pode ser atribuída a
diferenças na eficiência dos sistemas de conversão utilizados nos
estudos, bem como à variação na composição do biogás, especialmente em
relação ao teor de metano.

Além disso, a Tabela 2 também compara o biogás com outros combustíveis
como gás liquefeito de petróleo, querosene, carvão, lenha e álcool,
reforçando seu potencial como fonte energética versátil. Esses dados são
fundamentais para embasar a aplicação do biogás em diversas áreas, como
substituição do diesel e do gás natural veicular em veículos, seu uso no
lugar do gás liquefeito de petróleo em processos industriais e a geração
combinada de energia elétrica e térmica.

A seguir, serão exploradas essas aplicações, seus processos necessários
e os impactos na sustentabilidade, de acordo com Muncinelli (2019)
[^13].

### 5.1 Aplicação do biogás como alternativa de substituição ao diesel

Após passar por etapas de purificação e compressão, o biogás pode
representar uma alternativa viável ao óleo diesel, cuja origem está em
recursos não renováveis. Para que seja utilizado em motores
originalmente projetados para diesel, o biogás deve passar por um
processo industrial específico. Esse processo inclui diversas fases, que
são apresentadas no diagrama da Figura 2 a seguir.

![Aplicação do biogás como alternativa de substituição ao diesel](./image2.png)

_**Figura 2.** Aplicação do biogás como alternativa de substituição ao diesel_

Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de: Muncinelli, 2019 [^13].

A substituição do diesel pelo biogás não é completa e exige modificações
nos motores para que possam operar de forma bicombustível, combinando
diesel e metano. Nessa configuração, a proporção da mistura pode variar,
com o diesel representando entre 40% e 100% do total, enquanto o metano
pode compor de 0% a 60%. No entanto, uma quantidade mínima de diesel
será sempre necessária para garantir o funcionamento adequado do motor.

Além da economia no consumo de combustível, essa conversão traz
benefícios ambientais e reduz a dependência do diesel, o que pode ser
estratégico diante de eventuais oscilações no seu fornecimento.

Segundo a reportagem “Energia limpa: biogás pode ser alternativa ao diesel” disponível em  [^15], a utilização do biogás como alternativa ao diesel poderia substituir até 70% do diesel consumido por ônibus e caminhões no Brasil, reduzindo significativamente os custos operacionais com combustível.

### 5.2 Aplicação do biogás como alternativa de substituição ao gás
natural veicular (GNV)

O biogás, após ser devidamente tratado, também pode ser empregado como
combustível em veículos originalmente abastecidos com gás natural
veicular (GNV). Para viabilizar essa substituição, é necessário
submetê-lo a processos semelhantes para obtenção de diesel, conforme
Figura 3.

![Aplicação do biogás como alternativa de substituição ao GNV](./image3.png)

_**Figura 3.** Aplicação do biogás como alternativa de substituição ao GNV_

Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de: Muncinelli, 2019 [^13].

Vale destacar que, diferente da substituição do diesel, a troca do GNV
pelo metano ocorre de maneira direta e completa, exigindo apenas ajustes
simples na configuração dos motores para garantir sua compatibilidade e
desempenho adequado.

### 5.3 Aplicação do biogás como alternativa de substituição ao gás liquefeito do petróleo (GLP)

O biogás representa uma alternativa sustentável ao GLP, pois, quando
tratado para remover impurezas e contendo pelo menos 50% de metano, pode
ser empregado em sistemas que utilizam GLP com pequenas adaptações nos
queimadores. O que é indicado na Figura 4.

![Aplicação do biogás como alternativa de substituição ao GLP](./image4.png)

_**Figura 4.** Aplicação do biogás como alternativa de substituição ao GLP_

Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de: Muncinelli, 2019 [^13].

### 5.4 Aplicação do biogás como alternativa de geração de energia combinada elétrica e calorífica

Após passar pelo processo de purificação, o biogás pode ser utilizado
como combustível na geração simultânea de eletricidade e calor em
motores do ciclo Otto projetados especificamente para sua combustão.
Esses motogeradores são desenvolvidos para operar com a explosão do
biogás, garantindo um aproveitamento eficiente dessa fonte de energia. O
procedimento pode ser observado na Figura 5.

![Aplicação do biogás como alternativa de geração de energia combinada
elétrica e calorífica](./image5.png)

_**Figura 5.** Aplicação do biogás como alternativa de geração de
energia combinada elétrica e calorífica_

Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de: Muncinelli, 2019 [^13].

Os sistemas de cogeração, conhecidos como “Combined Heat and Power”
(CHP), permitem a produção simultânea de eletricidade e calor a partir
do biogás. Motores do ciclo Otto adaptados para esse combustível possuem
um gerador que permite converter o torque do motor em energia elétrica
de forma contínua. Além disso, o calor gerado no processo pode ser
reaproveitado em aplicações industriais ou na própria planta de biogás,
otimizando o uso da energia e aumentando a eficiência do sistema.

Nesse sentido, o biogás demonstra ser uma fonte de energia versátil e
eficiente, com aplicações que vão desde a substituição de combustíveis
fósseis, como diesel, GNV e GLP, até a geração combinada de eletricidade
e calor. É importante relembrar que sua viabilidade depende da
composição e do tratamento adequado, garantindo, assim, sua
compatibilidade com diferentes sistemas energéticos. Além das aplicações
abordadas, outras possibilidades podem ser exploradas conforme avanços
tecnológicos e necessidades industriais, ampliando ainda mais o seu
impacto na transição para fontes energéticas mais sustentáveis.


## 6. Limitações

Apesar do seu grande potencial energético e da sua contribuição para a
transição para fontes renováveis, o biogás enfrenta desafios técnicos e
econômicos que devem ser considerados para que sua implementação seja
eficaz. A seguir, serão discutidos esses desafios e possíveis soluções
para viabilizar o aproveitamento sustentável do biogás.

### Problemas de armazenagem, transporte e utilização

O armazenamento, transporte e utilização do biogás apresentam desafios
que devem ser geridos para garantir segurança e eficiência. No
armazenamento, é essencial considerar a presença de H₂S, que é corrosivo
e tóxico, além de equilibrar volume e pressão para otimizar espaço e
operação segura [^16]. No transporte, o controle da temperatura é
crucial para evitar riscos e perdas [^2]. Já na utilização, é necessário
garantir um fornecimento estável e seguro para aplicações como geração
de eletricidade, aquecimento e uso como combustível, evitando variações
de pressão ou composição que possam comprometer o desempenho dos
sistemas [^5].

### Fumos de combustão com poluentes (SOx, NOx e CO)

A combustão do biogás gera poluentes atmosféricos, como óxidos de
enxofre (SOₓ), óxidos de nitrogênio (NOx) e monóxido de carbono (CO). Os
SOₓ resultam da presença de sulfeto de hidrogênio no biogás e podem
contribuir para a chuva ácida. Os NOₓ formam-se a partir do nitrogênio
do ar durante a combustão em altas temperaturas, sendo responsáveis pelo
smog fotoquímico. Já o CO é gerado quando a queima do metano é
incompleta, podendo ser tóxico em concentrações elevadas. Para mitigar
essas emissões, é essencial purificar o biogás antes da combustão,
otimizar a eficiência da queima e controlar a relação ar-combustível
[^2].

### Necessidade de tecnologia para limpeza/purificação

A purificação do biogás é um requisito essencial para viabilizar seu uso
eficiente e seguro pelos consumidores. Como sua composição varia
conforme a matéria-prima utilizada e o processo de produção adotado, é
necessário empregar tecnologias de limpeza para remover impurezas e
componentes indesejáveis. Embora existam métodos físico-químicos
consolidados para esse fim, a otimização desses processos continua sendo
um desafio na cadeia de suprimento do biogás, reforçando a necessidade
de aprimoramento tecnológico para garantir um combustível de qualidade
[^3].

### Elevado investimento econômico

A geração de biogás requer um investimento inicial elevado,
principalmente devido ao alto custo dos equipamentos e da infraestrutura
necessária para sua produção [^17]. Além disso, os custos operacionais
também são significativos, abrangendo a manutenção dos sistemas, a
purificação do gás e a sua distribuição. Esses custos devem ser
compensados por receitas adequadas, o que torna essencial um ambiente
regulatório favorável, com políticas e incentivos que garantam a
viabilidade econômica do setor [^3].

### Riscos de explosão quando misturado com ar/oxigênio

A introdução controlada de pequenas quantidades de oxigênio (2-6%) no
sistema de biogás, utilizando um compressor, é uma técnica eficaz para
reduzir a concentração de sulfeto de hidrogênio. Esse processo resulta
na formação de enxofre e água, permitindo uma purificação mais eficiente
do biogás sem necessidade de produtos químicos ou equipamentos
complexos, além de ser uma solução de baixo custo. No entanto, é
fundamental monitorar a quantidade de ar adicionada, pois o biogás pode
se tornar explosivo quando a mistura atinge uma faixa de 6-12%,
dependendo do teor de metano presente. Para evitar riscos, é recomendado
manter a concentração de metano fora da faixa de 5-15% (em volume) e a
concentração de oxigênio abaixo de 15% [^6].


## 7. Referências

[^1]: **FERRAZ, José Maria Gusmann, et al.** [_Biogás: fonte alternativa de energia._](https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/handle/doc/476075) Circular Técnica n°3 - Embrapa, Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo, 1980.

[^2]: **SALOMON, Karina Riberio.** [_Avaliação técnico-econômica e ambiental da utilização do biogás proveniente da biodigestão da vinhaça em tecnologias para geração de eletricidade._](chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://cetesb.sp.gov.br/aguas-subterraneas/wp-content/uploads/sites/3/2014/01/salomon.pdf) Universidade Federal de Itajubá, Minas Gerais, 2007.

[^3]: **DE SOUZA, José.** [_Os desafios do setor do biogás e a sua importância para o meio ambiente, a economia e a sociedade._](https://www.researchgate.net/profile/Jose-Souza-8/publication/358841692_Os_desafios_do_setor_do_biogas_e_a_sua_importancia_para_o_meio_ambiente_a_economia_e_a_sociedade/links/63173eee61e4553b956d5955/Os-desafios-do-setor-do-biogas-e-a-sua-importancia-para-o-meio-ambiente-a-economia-e-a-sociedade.pdf) Sociedade, Tecnologia e meio ambiente: avanços, retrocessos e novas perspectivas - volume 2., Editora Científica Digital, 2022. p. 454-465.

[^4]: **FERREIRA, G. L.; MASETTO ANTUNES, S. R.; FERREIRA DE SOUZA, E. C.** [_Biogás: análise dos pontos positivos e negativos e sua contribuição para atingir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)._](https://sbpe.org.br/index.php/rbe/article/view/832/577) Revista Brasileira de Energia, 2024, 29.4.

[^5]: **ROHSTOFFE, F. N.** [_Guia prático do biogás: geração e utilização._](chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://antigo.mdr.gov.br/images/stories/ArquivosSNSA/probiogas/guia-pratico-do-biogas.pdf) Ministério da Nutrição, Agricultura e Defesa do Consumidor da Alemanha, 2010, 30-31.

[^6]: **ROCHA, Jorge; MENDES, Joana.** _Biogás._ Universidade de Coimbra. 2024. [Apresentação para aula de Energia e Biocombustíveis.](https://drive.google.com/file/d/1CyIECyHjJKyvOb7pEEwupXGya5XUs9CA/view?usp=drive_link) 33 slides. Acesso em: 21 fev. 2025.

[^7]: **COLDEBELLA, A.** [_Viabilidade do uso do biogás da bovinocultura e suinocultura para geração de energia elétrica e irrigação em propriedades rurais._](https://tede.unioeste.br/handle/tede/2841) Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola) - Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, 2006.
[^8]: **ZANETTE, A. L.** [_Potencial de aproveitamento energético do biogás no Brasil._](chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.osti.gov/etdeweb/servlets/purl/21429297) Dissertação (Mestrado em Planejamento Energético) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009.

[^9]: **MAGALHÃES, Geísa Vieira Vasconcelos.** [_Avaliação da biodigestão anaeróbia de resíduos orgânicos: ensaios de potencial bioquímico de metano (BMP) e projeto piloto de um biodigestor em escala real._](chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/34759/1/2018_tese_gvvmagalh%c3%a3es.pdf) Dissertação Pós Graduação em Engenharia Civil - Universidade Federal do Ceará, 2018.

[^10]: **KARLSSON, Tommy, et al.** [_Manual Básico de Biogás._](chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.univates.br/editora-univates/media/publicacoes/71/pdf_71.pdf) Editora Univates - 1° edição, 2014.

[^11]: **PRATI, Lisandro.** [_Geração de energia elétrica a partir do biogás gerado por biodigestores._](chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.eletrica.ufpr.br/p/arquivostccs/148.pdf) Universidade Federal do Paraná - Curitiba, 2010.

[^12]: **A Journey into Biogases.** [_YouTube, canal EBA European Biogas Association, 2024._](https://www.youtube.com/watch?v=oXtdnbeyPJE) Acesso em: 21 fev. 2025.

[^13]: **MUNCINELLI, Gianfranco.** [_Substituição do diesel por biogás - Análise de viabilidade da aplicação de energia._](chrome-extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://www.paranacooperativo.coop.br/images/unidades/pr/comunicacao/2019/revista_tecnico_cientifico/rev_N20_tecnico_cientifico.pdf) Paraná Cooperativo - Desenvolvimento econômico e social, 2019.

[^14]: **SANTOS, P.** [_Guia técnico de biogás._](https://biblioteca.sgeconomia.gov.pt/cgi-bin/koha/opac-detail.pl?biblionumber=22269) Portugal: Centro para a Conservação de Energia, 2000.

[^15]: **Energia limpa: biogás pode ser alternativa ao diesel.** [_Youtube, canal TV Brasil, 2022._](https://www.youtube.com/watch?v=ImgDuQjEjxY) Acesso em: 23 fev. 2025.

[^16]: **COELHO, Suani Teixeira, et al.** [_A conversão da fonte renovável biogás em energia._](https://www.researchgate.net/publication/228452829_A_conversao_da_fonte_renovavel_biogas_em_energia) Congresso Brasileiro de Planejamento Energético, 2006.

[^17]: **MOÇO, Eunice Alexandra dos Santos.** [_Projeto de uma unidade produtora de biogás._](https://www.researchgate.net/profile/Suani-Coelho/publication/228452829_A_conversao_da_fonte_renovavel_biogas_em_energia/links/54d4bfdf0cf2970e4e639342/A-conversao-da-fonte-renovavel-biogas-em-energia.pdf) Dissertação - Instituto Politécnico de Tomar, 2012.

[^18]: **SGANZERLA, E.** _Biodigestor: uma solução._ Porto Alegre: Agropecuária, 1983.

[^19]: **NOGUEIRA, L. A. H.** _Biodigestão: A alternativa energética._ São Paulo: Nobel, 1986.
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