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0282ff | Nuno Oliveira | 2025-03-01 21:05:30 | 1 | --- |
2 | title: Aquecimento solar |
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3 | author: |
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4 | - Diogo Guerreiro |
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5 | - João Coutinho |
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6 | date: 2019-02-20 |
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7 | tags: #utilidades |
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c173e5 | Nuno Oliveira | 2025-02-27 00:11:17 | 9 | |
ca2e5a | Nuno Oliveira | 2025-03-11 23:18:38 | 10 | # Coletores solares |
c173e5 | Nuno Oliveira | 2025-02-27 00:11:17 | 11 | |
12 | ## Introdução |
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14 | Um sistema de aquecimento solar, geralmente designado por coletor solar, |
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15 | transfere energia térmica, através da absorção da radiação solar |
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16 | aumentada pelo efeito de estufa, para um fluido, seja ar ou uma mistura |
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17 | de água e anticongelante, de forma a aumentar a sua temperatura. |
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20 | ## Aplicações |
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22 | Os sistemas de aquecimento solar têm várias aplicações, quer a nível doméstico |
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23 | como a nível industrial. Ao nível industrial, os sistemas de aquecimento solar |
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24 | podem ser utilizados em indústrias que requerem energia sob a forma de calor |
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25 | numa gama de temperaturas média e média-alta, entre 80º C e 250º C, mais |
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26 | concretamente nas indústrias alimentar, têxtil, pasta e papel e química. |
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750d6f | Nuno Oliveira | 2025-03-01 21:46:27 | 28 | Os processos que se adequam ao consumo de energia térmica solar podem |
29 | identificar-se como: |
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c173e5 | Nuno Oliveira | 2025-02-27 00:11:17 | 30 | |
31 | - Aquecimento de banhos para líquidos para lavagem, tinturaria ou |
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32 | processos químicos. |
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33 | - Aquecimento de ar para processos de secagem. |
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34 | - Geração de vapor de baixa pressão. |
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37 | ## Coletores de placa plana |
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39 | Os coletores de placa plana são os tipos de colectores solares mais |
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40 | comuns e o seu princípio de funcionamento é relativamente simples e, |
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41 | tendo uma superfície plana escura que absorve a energia térmica por |
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42 | radiação por via da incidência dos raios solar. |
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44 | A superfície de um coletor solar de placa plana é normalmente |
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45 | constituída por uma placa de cobre ou alumínio, escurecidos |
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46 | quimicamente, de forma a absorver o máximo de energia solar. A energia |
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47 | absorvida por esta placa é depois transferida através de condução |
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48 | térmica para um fluido de transporte, que circula em tubos de cobre que |
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49 | percorrem toda a placa, de modo a garantirem uma área de transferência |
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50 | de calor maior. |
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51 | ||||
52 | A base da estrutura que sustenta o sistema é feita de uma material |
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53 | isolante que permite minorar as possíveis perdas de energias. O topo da |
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54 | estrutura, que vai cobrir a placa é composto de plástico ou vidro |
|||
55 | translúcido, de forma a proteger a placa e a permitir a entrada dos |
|||
56 | raios solares. Entre a placa e a superfície translúcida existe ar, que |
|||
57 | forma um isolamento e reduz as perdas de calor para o exterior [^1]. |
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73786f | Nuno Oliveira | 2025-02-27 08:08:20 | 59 |  |
c173e5 | Nuno Oliveira | 2025-02-27 00:11:17 | 60 | |
00a64a | Nuno Oliveira | 2025-02-27 08:08:48 | 61 | _Figura 1 - Coletor de placa plana._ |
c173e5 | Nuno Oliveira | 2025-02-27 00:11:17 | 62 | |
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64 | ## Coletores com concentrador parabólico |
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66 | Os coletores solares com concentrador parabólico (CPC) apresentam uma |
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67 | curvatura côncava, designada de concentrador, que permite focar todos os |
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68 | raios solares incidentes, independentemente do local onde incidem, no |
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69 | tubo onde circula o fluido. Desta forma atinge-se uma temperatura maior |
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70 | que nos coletores de placa plana. |
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71 | ||||
72 | Os CPC apresentam superfícies de elevados comprimentos que refletem os |
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73 | raios solares para um tubo central, onde circula o fluido, para o qual é |
|||
74 | transferida a energia absorvida pela radiação solar reflectida. Este |
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75 | tubo é composto por uma superfície exterior transparente que permite a |
|||
76 | entrada dos raios solares e minimiza a dissipação da energia ali |
|||
77 | concentrada. A parte interna do tubo é composta por um material de cor |
|||
78 | escura e com grande capacidade de absorção. |
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79 | ||||
80 | O concentrador nos CPC permite que a energia solar recebida no tubo |
|||
81 | aumente por metro quadrado, o que, juntamente com a menor área de |
|||
82 | absorção comparativamente a outros tipos de coletores, resulta numa |
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83 | maior eficiência, sendo possível atingir temperaturas de aquecimento de |
|||
84 | cerca 200ºC. |
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85 | ||||
86 | Devido ao fato do coletor não ser plano, o ângulo de incidência torna-se |
|||
87 | mais relevante que nos coletores de placas planas, o que torna este tipo |
|||
88 | de equipamentos limitados em determinadas condições, tal como dias |
|||
89 | nublados [^2]. |
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91 |  |
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93 | _Figura 2 - Funcionamento Coletor Concentrador Parabólico._ |
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97 | _Figura 3 - Coletor Concentrador Parabólico._ |
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100 | ## Coletores a Tubos de Vácuo |
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101 | ||||
102 | Os coletores de tubos a vácuo (CTV) são constituídos por um sistema de |
|||
103 | tubos dentro dos quais existe vácuo, que é o melhor isolante conhecido, |
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104 | de modo a reduzir as perdas térmicas e atingir uma maior temperatura de |
|||
105 | aquecimento. |
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106 | ||||
107 | O vácuo no interior dos tubos funciona como uma camada isolante, |
|||
108 | minimizando a transferência de calor para o exterior por mecanismos de |
|||
109 | conveção e condução, o que resulta numa maior temperatura de operação. O |
|||
110 | isolamento é assim mais eficaz que aquele apresentado nos outros tipos |
|||
111 | de coletores, particularmente em climas mais frios. Em situações com |
|||
112 | climas mais quentes, a sua utilização pode ser também vantajosa, quando |
|||
113 | são requeridas maiores temperaturas de operação, como no caso de |
|||
114 | processos industriais. |
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115 | ||||
116 | A existência de vácuo, que pode durar 25 anos ou mais, também leva a uma |
|||
117 | maior durabilidade dos componentes, especificamente, a camada refletora |
|||
118 | que se encontra dentro dos tubos e que não se irá degradar enquanto |
|||
119 | existir vácuo dentro dos tubos. |
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120 | ||||
121 | O aquecimento da água nos CTV pode ser realizado por via direta ou |
|||
122 | indireta. |
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123 | ||||
124 | No aquecimento por via direta, a água a aquecer circula diretamente num |
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125 | tubo no interior do tubo a vácuo, existindo desta forma um aquecimento |
|||
126 | direto da água. O funcionamento deste tipo de coletores é semelhante aos |
|||
127 | coletores planos com a exceção da existência de vácuo no interior dos |
|||
128 | tubos. |
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129 | ||||
130 | No aquecimento por via indireta, existe um tubo metálico, _heatpipe_, no |
|||
131 | interior dos tubos de vácuo ligado a uma placa absorvedora e dentro do |
|||
132 | qual circula uma mistura de água e anticongelante. Esta mistura |
|||
133 | é aquecida até ao ponto de mudança de fase sendo o vapor formado |
|||
134 | condensado num permutador de calor no topo dos tubos, onde o calor |
|||
135 | latente de evaporação é usado para aquecer a água. Este conjunto dos |
|||
136 | tubos e condensador encontra-se isolado de forma a reduzir as perdas |
|||
137 | energéticas [^6], [^7], [^8], [^9]. |
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138 | ||||
09bccb | Nuno Oliveira | 2025-03-01 21:57:08 | 139 |  |
140 | ||||
141 | _Figura 4a - Painél solar com tubo de vácuo [^4]._ |
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c173e5 | Nuno Oliveira | 2025-02-27 00:11:17 | 143 |  |
144 | ||||
0010ab | Nuno Oliveira | 2025-03-01 21:58:10 | 145 | _Figura 4b - Funcionamento com heatpipe._ |
c173e5 | Nuno Oliveira | 2025-02-27 00:11:17 | 146 | |
34a87f | Nuno Oliveira | 2025-03-01 21:41:11 | 147 |  |
c173e5 | Nuno Oliveira | 2025-02-27 00:11:17 | 148 | |
149 | _Figura 5 - Funcionamento com escoamento direto._ |
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150 | ||||
26f4a1 | Nuno Oliveira | 2025-03-01 22:00:58 | 151 |  |
c173e5 | Nuno Oliveira | 2025-02-27 00:11:17 | 152 | |
153 | _Figura 6 - Coletores a Tubos de Vácuo._ |
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154 | ||||
155 | ||||
156 | ## Coletores a ar |
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157 | ||||
158 | Os coletores a ar, de forma semelhante aos coletores planos, aquecem |
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159 | diretamente o ar por via da exposição direta à radiação solar. Estes são |
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160 | geralmente constituídos por um material que absorve a radiação solar e |
|||
161 | transfere essa energia térmica por condução e para o ar que circula no |
|||
162 | interior do coletor. |
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163 | ||||
164 | Esse ar aquecido pode ser utilizado para aquecimento de divisões ou para |
|||
165 | fins processuais, como para processos de secagem, recorrendo-se ao uso |
|||
166 | de ventoinhas para a sua distribuição. |
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167 | ||||
168 | Estes coletores podem-se dividir em vários tipos, de acordo com o tipo |
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169 | de escoamento, natural ou forçado e a presença de cobertura na |
|||
170 | superfície exterior. |
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171 | ||||
172 | No escoamento forçado sem cobertura, o ar ambiente exterior entra na |
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173 | placa absorvedora perfurada onde é aquecido no seu interior e |
|||
174 | distribuído por via de uma ventoinha. |
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175 | ||||
176 | No escoamento natural com cobertura, o ar ambiente interior é |
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177 | recirculado através do espaço entre a cobertura e a placa absorvedora |
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178 | onde é aquecido. A circulação destas correntes de ar frio e quente é |
|||
179 | devida a uma diferença de densidade do ar, função da sua temperatura. |
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180 | ||||
181 | Além do aquecimento do ar ambiente e aquecimento processual, os |
|||
182 | coletores a ar podem também ser usados no arrefecimento ambiente |
|||
183 | noturno, onde o ar ambiente interior quente é recirculado através do |
|||
184 | coletor e transfere energia para o exterior via radiação térmica, |
|||
185 | promovendo o seu arrefecimento [^10]. |
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186 | ||||
187 |  |
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188 | ||||
189 | _Figura 7 - Escoamento forçado sem cobertura._ |
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190 | ||||
34a87f | Nuno Oliveira | 2025-03-01 21:41:11 | 191 |  |
c173e5 | Nuno Oliveira | 2025-02-27 00:11:17 | 192 | |
193 | _Figura 8 - Escoamento natural com cobertura._ |
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194 | ||||
195 | ||||
196 | ## Vantagens e desvantagens da utilização de coletores solares |
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197 | ||||
7d9823 | Nuno Oliveira | 2025-03-01 21:43:53 | 198 | ### Vantagens da utilização de coletores solares |
c173e5 | Nuno Oliveira | 2025-02-27 00:11:17 | 199 | |
200 | - Tecnologia renovável e não poluente |
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201 | - Substitui os combustíveis fósseis |
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202 | - Baixa manutenção |
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203 | - Retorno do investimento |
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204 | - Versatilidade geográfica |
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205 | - Permite autossuficiência por parte do utilizador |
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206 | ||||
f7e93c | Nuno Oliveira | 2025-03-01 21:44:10 | 207 | ### Desvantagens da utilização de coletores solares |
c173e5 | Nuno Oliveira | 2025-02-27 00:11:17 | 208 | |
209 | - Investimento inicial considerável |
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210 | - Não satisfaz inteiramente as necessidades energéticas do consumidor |
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211 | - Impossibilidade de produzi energia durante o período noturno |
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212 | - Necessidade de utilização de baterias para acumulação de energia |
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213 | - Eficiência dependente das condições meteorológicas |
|||
214 | - Baixa produtividade nos meses de Inverno [^11]. |
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215 | ||||
216 | ||||
217 | ## Panorama Nacional |
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218 | ||||
219 | Portugal apresenta-se como um dos países da Europa com maior número de |
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220 | horas de sol por ano, tornando as tecnologias de aproveitamento de luz |
|||
221 | solar uma opção bastante viável. |
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222 | ||||
223 | Em 2009, o governo lançou incentivos à compra de tecnologias de |
|||
224 | aproveitamento da luz solar, tendo sido instalados cerca de 180 000 |
|||
225 | m<sup>2</sup> de nova área, só no ano de 2010. |
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226 | ||||
227 | Os avanços no desenvolvimento dos coletores solares e as melhorias nas |
|||
228 | suas eficiências têm também servido de incentivo ao aumento da sua |
|||
229 | utilização. Porém os valores de área coberta são muito baixos e existe |
|||
230 | uma grande margem de progressão que pode ser feita. Portugal tem as |
|||
231 | condições geográficas e meteorológicas ideias para tirar o melhor |
|||
232 | partido deste tipo de tecnologias. |
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233 | ||||
234 | ||||
235 | ## Referências |
|||
236 | ||||
237 | [^1]: Alternative Energy Tutorials, [Flat Plate |
|||
4231a7 | Nuno Oliveira | 2025-02-27 11:25:42 | 238 | Collector](http://www.alternative-energy-tutorials.com/solar-hot-water/flat-plate-collector.html), Consultado a 24/2/2019. |
c173e5 | Nuno Oliveira | 2025-02-27 00:11:17 | 239 | |
240 | [^2]: Alternative Energy Tutorials, [Parabolic Trough Reflector](http://www.alternative-energy-tutorials.com/solar-hot-water/parabolic-trough-reflector.html), Consultado a 25/2/2019. |
|||
241 | ||||
242 | [^3]: [SkyFuel](http://www.skyfuel.com/), Consultado a 25/2/2019. |
|||
243 | ||||
244 | [^4]: [Revista Renováveis Magazine Nº 31 - 3º Trimestre de 2017](https://issuu.com/wendelrocha2/docs/renovaveis-magazine-3trimestre-2017), Consultado a 25/2/2019. |
|||
245 | ||||
246 | [^5]: **R.K. Musunuri**, **D. Sánchez**, **R. Rodriguez**, _Solar Thermal Energy_, **Energy Engineering**, University of Gavle, October (2007). |
|||
247 | ||||
248 | [^6]: [Evacuated Tube Collectors](http://www.solar365.com/solar/thermal/evacuated-tube-collectors), Consultado a 25/2/2019. |
|||
249 | ||||
250 | [^7]: [Solar Evacuated Tube Collectors for Hot Water](http://www.alternative-energy-tutorials.com/solar-hot-water/evacuated-tube-collector.html), Consultado a 25/2/2019. |
|||
251 | ||||
252 | [^8]: **Lun Jiang**, **Roland Winston**, [Integrated nonimaging optical design for evacuated tube solar thermal collector](http://ucsolar.org/files/public/documents/Poster-1.pdf), Consultado a 25/2/2019. |
|||
253 | ||||
254 | [^9]: **F. Mahjouri**, [Vacuum Tube Liquid-Vapor (Heat-Pipe) Collectors](https://www.sssolar.co.za/docs/vacuum%20tube%20paper.pdf), Columbia, Maryland (2004). |
|||
255 | ||||
256 | [^10]: Ministry of Agriculture, Food and Rural Affairs, [Solar Facts](http://www.omafra.gov.on.ca/english/engineer/facts/sol_air.htm), Ontario, Canada, Consultado a 25/2/2019. |
|||
257 | ||||
258 | [^11]: [Solar Power Advantages and Disadvantages](https://www.sepco-solarlighting.com/blog/bid/115086/Solar-Power-Advantages-and-Disadvantages), Consultado a 25/2/2019. |