# Introdução

Os Processos de Separação constituem, desde sempre, uma etapa fundamental dos
Processos de Fabrico da Indústria Química. Para que o Processo Reaccional
decorra de acordo com as especificações definidas previamente, é necessário que
as matérias primas sejam introduzidas no Reactor com o grau de pureza adequado,
o que implica, necessariamente, um processo prévio de tratamento/purificação
das matérias primas. Ou seja, as correntes de entrada no reactor passam, quase
sempre, por unidades prévias de separação. O mesmo se passa com os produtos da
reacção. Na maior parte dos casos as correntes com os produtos da reacção
transportam ainda alguma percentagem de reagentes podendo também ocorrer
reacções paralelas que dão origem a produtos que não são os desejados. Também
neste caso é necessário tratar essas correntes para separar o produto que foi
inicialmente especificado, com o grau de pureza desejado. Outra área da
instalação fabril onde são essenciais os Processos de Separação é no tratamento
dos efluentes da unidade, sejam eles gasosos ou líquidos.

Os Processos de Separação são variados e a selecção do processo mais adequado
para um determinado tratamento depende das características da alimentação
a tratar e dos objectivos a atingir (nomeadamente o grau de pureza pretendido
para a corrente de saída) assim como de factores económicos.

A noção de **Processo de Separação** está intimamente ligada à de **Operação
Unitária**. Este conceito foi introduzido na Engenharia Química, pela primeira
vez, por Arthur D. Little em 1915 ([História da Engª
Química](index.php?option=com_content&task=view&id=124&Itemid=2)) e foi
essencial para a sistematização do ensino dos Processos Químicos:

>**Operação Unitária é toda a unidade do processo onde os materiais sofrem alterações no seu estado físico ou químico e que pode ser projectada com base em princípios físico/químicos comuns.**

São diversas e cada vez em maior número as Operações Unitárias que se usam no
processo de fabrico, mas podemos organizá-las em quatro grandes grupos, tendo
em conta os princípios físico/químicos subjacentes:
  * Operações baseadas em Transferência da Quantidade de Movimento (por exemplo
    Sedimentação, Ciclonagem, Moagem, etc.);
  * Operações baseadas em Transferência de Massa (por exemplo Destilação,
    Extracção, Absorção, Adsorção, etc.);
  * Operações baseadas em Transferência de Calor (por exemplo os Permutadores
    de Calor);
  * Operações baseadas simultaneamente em Transferência de calor e Massa (por
    exemplo Evaporação, Cristalização, etc.).

Para além disso podemos ainda agrupar as Operações Unitárias tendo em conta
a forma como se modela a transferência:
  * Com base no conceito de **Andar em Equilíbrio** (Equilibrium Based
    Operations);
  * Com base no conceito de **Velocidade de Transferência** (Rate Based
    Operations).

No primeiro caso o equipamento de separação considera-se dividido num conjunto
de elementos que promovem a transferência produzindo correntes em equilíbrio,
tal como esquematizado na Figura 1.

![Andar em Equilíbrio](../../images/SOU_figura_1.png)

*Figura 1: Andar em Equilíbrio.*

No andar $N$ entram as correntes $A_{N+1}$ e $B_{N-1}$ que, após o processo de
transferência, dão origem às correntes $A_N$ e $B_N$ que estão em equilíbrio.
O equipamento de separação considera-se constituído por um somatório de andares
em equilíbrio. No esquema da Figura 1 está representado um Andar em Equilíbrio
de um Processo em _Contra-Corrente_, mas também podemos ter andares em
equilíbrio em Processos em _Co-Corrente_. As operações de Destilação, Extracção
e Absorção, podem ser modeladas com base neste conceito. A forma como se
concretiza fisicamente o Andar em Equilíbrio depende do processo em causa.

![Torres de refinarias](../../images/SOU_imagem_1.png)
![Coluna de destilação](../../images/SOU_imagem3.png)

Em alternativa, podemos modelar as Operações Unitárias recorrendo ao conceito
de **Velocidade de Transferência**. A **Velocidade de Transferência**
é proporcional à **Força Motriz** (_Driving Force_) que descreve
o afastamento do equilíbrio nas correntes entre as quais ocorre
a transferência.

![Força Motriz - Velocidade de Transferência](../../images/SOU_FORCA-MOTRIZ.png)

Um exemplo de uma Operação que costuma ser modelada com base neste conceito
é a Absorção. Neste caso o modelo é constituído por equações diferenciais,
enquanto a aplicação do conceito de andar em equilíbrio é traduzida
matematicamente por sistemas de equações algébricas.

No portal existem simuladores para as operações de
[Destilação](index.php?option=com_content&task=view&id=33&Itemid=142),
[Extracção](index.php?option=com_content&task=view&id=34&Itemid=147),
[Absorção](index.php?option=com_content&task=view&id=35&Itemid=152)
e [Adsorção.](index.php?option=com_content&task=view&id=188&Itemid=450).

Os novos processos industriais que, por um lado passaram a lidar também com
materiais biológicos e que, por outro lado exigem que os processos de
estruturação ocorram numa escala cada vez mais pequena (nanómetro), têm levado
ao desenvolvimento de Novos Processos de Separação, como sejam: a Separação por
Membranas - a Ultra Micro e Nano Filtração a Osmose Inversa e a Electrodiálise
-, a Separação por Peneiros Moleculares, a Separação por Processos
Cromatográficos (já não apenas uma técnica analítica), a Separação por Fluidos
Supercríticos, etc. No portal são abordados alguns destes novos processos de
separação na secção de [Processos
Biológicos](index.php?option=com_content&task=view&id=20&Itemid=191).

Outro desenvolvimento já amplamente implantado a nível industrial é o dos
Processos de Separação Híbridos em que, no mesmo equipamento, se combinam
simultaneamente mais do que um mecanismo. Um exemplo já bastante comum é o da
_Destilação Reactiva_
([www.engin.umich.edu/~cre/web_mod/distill/](http://www.engin.umich.edu/%7Ecre/web_mod/distill/)),
utilizada por exemplo em processos de trans-esterificação (por ex. do ácido
acético) e de isomerização, com a vantagem de permitir uma maior velocidade de
separação, maior eficiência e conversões finais mais elevadas.

![Sistema de nano filtração industrial para tratamento e recuperação de águas
residuais](../../images/SOU_imagem_4.png)]

![Equipamento de Osmose Inversa](../../images/SOU_imagem_5.png)]

*Figura 2: Sistemas de membranas ([castion.com](https://www.castion.com/)).*

Também ao nível da modelação dos Processos de Separação, os últimos
desenvolvimentos encaminham-se para uma modelização baseada nos fenómenos que
ocorrem ao nível molecular (_Molecular Based Simulation_, ver “[Osmosis
Simulator](http://www.etomica.org/app/modules/sites/Osmosis)” e D. Babic e A.
Pfennig 2004 e 2006), embora para os sistemas mais complexos tal abordagem
ainda não se tenha traduzido em modelos com aplicação prática na indústria.

## Referências
  1. **D. Babic**, **A. Pfennig**, "Direct Modelling of Unit Operations
     on Molecular Level", _Proc. 16th European Symp. Computer Aided
     Process Eng. and 9th Int. Symp. PSE_, Eds. **W. Marquardt**, **C.
     Pantelides**, Elsevier, 359-364 (2006).

  2. **A. Pfennig**, "Distillation Simulated on Molecular Level",
     _Molecular Simulation_, 30(6), 361-366 (2004).
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