Blame
| 50b2a4 | Nuno Oliveira | 2025-01-27 12:07:41 | 1 | # Introdução |
| 2 | ||||
| 3 | Os Processos de Separação constituem, desde sempre, uma etapa fundamental dos |
|||
| 4 | Processos de Fabrico da Indústria Química. Para que o Processo Reaccional |
|||
| 5 | decorra de acordo com as especificações definidas previamente, é necessário que |
|||
| 6 | as matérias primas sejam introduzidas no Reactor com o grau de pureza adequado, |
|||
| 7 | o que implica, necessariamente, um processo prévio de tratamento/purificação |
|||
| 8 | das matérias primas. Ou seja, as correntes de entrada no reactor passam, quase |
|||
| 9 | sempre, por unidades prévias de separação. O mesmo se passa com os produtos da |
|||
| 10 | reacção. Na maior parte dos casos as correntes com os produtos da reacção |
|||
| 11 | transportam ainda alguma percentagem de reagentes podendo também ocorrer |
|||
| 12 | reacções paralelas que dão origem a produtos que não são os desejados. Também |
|||
| 13 | neste caso é necessário tratar essas correntes para separar o produto que foi |
|||
| 14 | inicialmente especificado, com o grau de pureza desejado. Outra área da |
|||
| 15 | instalação fabril onde são essenciais os Processos de Separação é no tratamento |
|||
| 16 | dos efluentes da unidade, sejam eles gasosos ou líquidos. |
|||
| 17 | ||||
| 18 | Os Processos de Separação são variados e a selecção do processo mais adequado |
|||
| 19 | para um determinado tratamento depende das características da alimentação |
|||
| 20 | a tratar e dos objectivos a atingir (nomeadamente o grau de pureza pretendido |
|||
| 21 | para a corrente de saída) assim como de factores económicos. |
|||
| 22 | ||||
| 23 | A noção de **Processo de Separação** está intimamente ligada à de **Operação |
|||
| 24 | Unitária**. Este conceito foi introduzido na Engenharia Química, pela primeira |
|||
| 25 | vez, por Arthur D. Little em 1915 ([História da Engª |
|||
| 26 | Química](index.php?option=com_content&task=view&id=124&Itemid=2)) e foi |
|||
| 27 | essencial para a sistematização do ensino dos Processos Químicos: |
|||
| 28 | ||||
| 29 | >**Operação Unitária é toda a unidade do processo onde os materiais sofrem alterações no seu estado físico ou químico e que pode ser projectada com base em princípios físico/químicos comuns.** |
|||
| 30 | ||||
| 31 | São diversas e cada vez em maior número as Operações Unitárias que se usam no |
|||
| 32 | processo de fabrico, mas podemos organizá-las em quatro grandes grupos, tendo |
|||
| 33 | em conta os princípios físico/químicos subjacentes: |
|||
| 34 | * Operações baseadas em Transferência da Quantidade de Movimento (por exemplo |
|||
| 35 | Sedimentação, Ciclonagem, Moagem, etc.); |
|||
| 36 | * Operações baseadas em Transferência de Massa (por exemplo Destilação, |
|||
| 37 | Extracção, Absorção, Adsorção, etc.); |
|||
| 38 | * Operações baseadas em Transferência de Calor (por exemplo os Permutadores |
|||
| 39 | de Calor); |
|||
| 40 | * Operações baseadas simultaneamente em Transferência de calor e Massa (por |
|||
| 41 | exemplo Evaporação, Cristalização, etc.). |
|||
| 42 | ||||
| 43 | Para além disso podemos ainda agrupar as Operações Unitárias tendo em conta |
|||
| 44 | a forma como se modela a transferência: |
|||
| 45 | * Com base no conceito de **Andar em Equilíbrio** (Equilibrium Based |
|||
| 46 | Operations); |
|||
| 47 | * Com base no conceito de **Velocidade de Transferência** (Rate Based |
|||
| 48 | Operations). |
|||
| 49 | ||||
| 50 | No primeiro caso o equipamento de separação considera-se dividido num conjunto |
|||
| 51 | de elementos que promovem a transferência produzindo correntes em equilíbrio, |
|||
| 52 | tal como esquematizado na Figura 1. |
|||
| 53 | ||||
| 54 |  |
|||
| 55 | ||||
| 56 | *Figura 1: Andar em Equilíbrio.* |
|||
| 57 | ||||
| 58 | No andar $N$ entram as correntes $A_{N+1}$ e $B_{N-1}$ que, após o processo de |
|||
| 59 | transferência, dão origem às correntes $A_N$ e $B_N$ que estão em equilíbrio. |
|||
| 60 | O equipamento de separação considera-se constituído por um somatório de andares |
|||
| 61 | em equilíbrio. No esquema da Figura 1 está representado um Andar em Equilíbrio |
|||
| 62 | de um Processo em _Contra-Corrente_, mas também podemos ter andares em |
|||
| 63 | equilíbrio em Processos em _Co-Corrente_. As operações de Destilação, Extracção |
|||
| 64 | e Absorção, podem ser modeladas com base neste conceito. A forma como se |
|||
| 65 | concretiza fisicamente o Andar em Equilíbrio depende do processo em causa. |
|||
| 66 | ||||
| 67 |  |
|||
| 68 |  |
|||
| 69 | ||||
| 70 | Em alternativa, podemos modelar as Operações Unitárias recorrendo ao conceito |
|||
| 71 | de **Velocidade de Transferência**. A **Velocidade de Transferência** |
|||
| 72 | é proporcional à **Força Motriz** (_Driving Force_) que descreve |
|||
| 73 | o afastamento do equilíbrio nas correntes entre as quais ocorre |
|||
| 74 | a transferência. |
|||
| 75 | ||||
| 76 |  |
|||
| 77 | ||||
| 78 | Um exemplo de uma Operação que costuma ser modelada com base neste conceito |
|||
| 79 | é a Absorção. Neste caso o modelo é constituído por equações diferenciais, |
|||
| 80 | enquanto a aplicação do conceito de andar em equilíbrio é traduzida |
|||
| 81 | matematicamente por sistemas de equações algébricas. |
|||
| 82 | ||||
| 83 | No portal existem simuladores para as operações de |
|||
| 84 | [Destilação](index.php?option=com_content&task=view&id=33&Itemid=142), |
|||
| 85 | [Extracção](index.php?option=com_content&task=view&id=34&Itemid=147), |
|||
| 86 | [Absorção](index.php?option=com_content&task=view&id=35&Itemid=152) |
|||
| 87 | e [Adsorção.](index.php?option=com_content&task=view&id=188&Itemid=450). |
|||
| 88 | ||||
| 89 | Os novos processos industriais que, por um lado passaram a lidar também com |
|||
| 90 | materiais biológicos e que, por outro lado exigem que os processos de |
|||
| 91 | estruturação ocorram numa escala cada vez mais pequena (nanómetro), têm levado |
|||
| 92 | ao desenvolvimento de Novos Processos de Separação, como sejam: a Separação por |
|||
| 93 | Membranas - a Ultra Micro e Nano Filtração a Osmose Inversa e a Electrodiálise |
|||
| 94 | -, a Separação por Peneiros Moleculares, a Separação por Processos |
|||
| 95 | Cromatográficos (já não apenas uma técnica analítica), a Separação por Fluidos |
|||
| 96 | Supercríticos, etc. No portal são abordados alguns destes novos processos de |
|||
| 97 | separação na secção de [Processos |
|||
| 98 | Biológicos](index.php?option=com_content&task=view&id=20&Itemid=191). |
|||
| 99 | ||||
| 100 | Outro desenvolvimento já amplamente implantado a nível industrial é o dos |
|||
| 101 | Processos de Separação Híbridos em que, no mesmo equipamento, se combinam |
|||
| 102 | simultaneamente mais do que um mecanismo. Um exemplo já bastante comum é o da |
|||
| 103 | _Destilação Reactiva_ |
|||
| 104 | ([www.engin.umich.edu/~cre/web_mod/distill/](http://www.engin.umich.edu/%7Ecre/web_mod/distill/)), |
|||
| 105 | utilizada por exemplo em processos de trans-esterificação (por ex. do ácido |
|||
| 106 | acético) e de isomerização, com a vantagem de permitir uma maior velocidade de |
|||
| 107 | separação, maior eficiência e conversões finais mais elevadas. |
|||
| 108 | ||||
| 109 | ] |
|||
| 111 | ||||
| 112 | ] |
|||
| 113 | ||||
| 114 | *Figura 2: Sistemas de membranas ([castion.com](https://www.castion.com/)).* |
|||
| 115 | ||||
| 116 | Também ao nível da modelação dos Processos de Separação, os últimos |
|||
| 117 | desenvolvimentos encaminham-se para uma modelização baseada nos fenómenos que |
|||
| 118 | ocorrem ao nível molecular (_Molecular Based Simulation_, ver “[Osmosis |
|||
| 119 | Simulator](http://www.etomica.org/app/modules/sites/Osmosis)” e D. Babic e A. |
|||
| 120 | Pfennig 2004 e 2006), embora para os sistemas mais complexos tal abordagem |
|||
| 121 | ainda não se tenha traduzido em modelos com aplicação prática na indústria. |
|||
| 122 | ||||
| 123 | ## Referências |
|||
| 124 | 1. **D. Babic**, **A. Pfennig**, "Direct Modelling of Unit Operations |
|||
| 125 | on Molecular Level", _Proc. 16th European Symp. Computer Aided |
|||
| 126 | Process Eng. and 9th Int. Symp. PSE_, Eds. **W. Marquardt**, **C. |
|||
| 127 | Pantelides**, Elsevier, 359-364 (2006). |
|||
| 128 | ||||
| 129 | 2. **A. Pfennig**, "Distillation Simulated on Molecular Level", |
|||
| 130 | _Molecular Simulation_, 30(6), 361-366 (2004). |
