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9ebf47 João Lopes 2025-03-13 11:07:27 1
Universidade de Coimbra 
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Faculdade de Ciências e Tecnologia
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Departamento de Engenharia Química
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Mestrado Integrado em Engenharia Química
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Ano Letivo 2018/2019
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Integração e Intensificação de Processos
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**Evaporadores **
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Carla Bernardo
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João Lincho
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**Evaporadores **
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Os evaporadores são equipamentos cujo o princípio de funcionamento é a transferência de calor e o seu principal objetivo é a concentração de soluções. Este equipamento pode também ter como finalidade a refrigeração de correntes e a revaporização de gases. \[1\] \[12\]
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Podem ser classificados consoante o seu método de funcionamento \(contínuo ou descontínuo\), a sua função \(concentração, arrefecimento de correntes\), tipo de construção \(tubos verticais, horizontais, filme fino, etc\) e configuração \(circulação natural, forçada ou filme agitado\).
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**Método de Funcionamento **
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A operação dos evaporadores baseia-se num caso específico da transferência de calor, a evaporação. \[5\]
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Nestes equipamentos, a transferência de calor dá-se entre fluidos que estão separados por uma barreira sólida, sendo para isso também necessário, a existência de uma “driving-force” que, no caso da transferência de calor, é resultante da diferença de temperatura entre os dois fluidos. \[10\]
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Um evaporador pode funcionar em contínuo ou descontínuo. A operação em contínuo é uma operação em que o evaporador é constantemente alimentado pela solução que se pretende tratar. Por outro lado, no modo descontínuo, o evaporador limita-se a trabalhar apenas em alguns intervalos de tempo.\[1\]
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Consoante o objetivo, as variáveis de operação e o tipo de processo, pode-se projetar o equipamento de modo a ter um evaporador simples \(um efeito\) ou evaporadores múltiplos \(vários efeitos\). \[1\]
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No caso de ser de um efeito, ter-se-á apenas uma unidade de operação enquanto que no de múltiplos efeitos, existirão vários evaporadores em série onde o vapor produzido num evaporador irá aquecer o evaporador seguinte. \[1\]
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Nos evaporadores de múltiplo efeito podemos ter algumas variações na alimentação, tais como: \[2\]
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• Alimentação em co-corrente \(de frente\);
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• Alimentação em contra-corrente \(à retaguarda\);
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• Alimentação mista;
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• Alimentação em paralelo.
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As diferenças observadas estão esquematizadas nas figuras 1 a 5.
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![](./Imagem_WhatsApp_577686e9.jpg)
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**Figura 1**. Esquema de evaporador de efeito simples Retirado de \[4\]
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**Figura 2.** Esquema de Evaporador Múltiplo efeito \(alimentação em co-corrente\) Retirado de \[4\]
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**Figura 3.** Esquema de Evaporador Múltiplo efeito \(alimentação em contra-corrente\) Retirado de \[4\]
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**Figura 4.** Esquema de Evaporador Múltiplo efeito \(alimentação em paralelo\) Retirado de \[4\]
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**Figura 5.** Esquema de Evaporador Múltiplo efeito \(alimentação mista\) Retirado de \[6\]
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**Equipamento**
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Os tipos de equipamento usados dependem dos métodos de aquecimento da solução a evaporar, estando estes divididos em métodos diretos e métodos indiretos. \[3\]
90
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Os métodos diretos utilizam radiação solar ou o borbulhamento de gases quentes. Nos indiretos, que são os mais usados a nível industrial, o calor transferido é resultante da condensação de vapor. Deste modo, os indiretos envolvem diferentes tipos de ebulição, tais como: \[3\]
92
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➢ Ebulição submersa: o líquido ao evaporar inunda os tubos metálicos. No interior destes o vapor de aquecimento é condensado \[3\]
94
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➢ Ebulição em filme: a ebulição ocorre na parte interna dos tubos que são aquecidos exteriormente \[3\]
96
97
➢ Ebulição súbita: a solução é sujeita a um aquecimento com pressão controlada de modo a que não entre em ebulição, sendo depois aplicado uma diminuição brusca de pressão que irá causar a sua ebulição parcial\[3\]
98
99
Num evaporador, existem cerca de 3 configurações possíveis: \[1\]
100
101
• Circulação Natural: causada por correntes de convecção do fluido devido ao seu aquecimento
102
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• Circulação Forçada: devido, geralmente, ao auxílio de uma bomba ou outro equipamento externo
104
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• Filme Agitado
106
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108
109
Em termos de construção: \[1\]
110
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**Configuração **
112
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**Tipos de Construção **
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Tubos horizontais
116
117
Circulação Natural
118
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Tubos Verticais Curtos \(ou calandria\)
120
121
Tubos Verticais Longos \(ou filme\)
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Tubos Horizontais Curtos
124
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Tubos Horizontais Longos
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Circulação Forçada
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Tubos Verticais Curtos
130
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Tubos Verticais Longos
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Filme Agitado
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Filme Agitado
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**Esquemas de Evaporadores**
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**Figura 6.** Esquema evaporador de calandria **Figura 7.** Esquema evaporador tubos horizontais
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![](./Imagem_WhatsApp_fcaf574c.jpg)![](./Imagem_WhatsApp__2e758bf8.jpg)
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**Figura 8.** Esquema evaporador de filme fino Retirado de \[3\] **Figura 9.** Esquema evaporador tubos verticais longos Retirado de \[8\]
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**Figura 10.** Esquema evaporador circulação forçada Retirado de \[3\]
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**Figura 11.** Imagem de Evaporadores Aplicados na Indústria. Retirado de \[9\]
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**Vantagens e Desvantagens**
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As vantagens e desvantagens destes equipamentos são relativas a cada tipo.
178
179
A adoção de determinados equipamentos auxiliares como os evaporadores que apresentam circulação forçada ou aquecedor externo podem trazer vantagens e desvantagens próprias ao equipamento.
180
181
Assim, apresenta-se algumas vantagens e desvantagens de determinados tipos de evaporadores menos elaborados. \[3\] \[8\]
182
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• Evaporador de Tubos Horizontais
184
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➢ Vantagens
186
187
▪ Deve utilizar-se em pequenas instalações
188
189
▪ Deve-se aplicar a soluções diluídas
190
191
➢ Desvantagens
192
193
▪ Baixo coeficiente global de transferência de calor
194
195
▪ Formação de espuma
196
197
▪ Equipamento de limpeza difícil
198
199
▪ Não se deve aplicar a soluções viscosas
200
201
202
203
• Evaporador de Tubos Verticais Curtos \(ou Calandria\)
204
205
➢ Vantagens
206
207
▪ Circulação interna facilitada
208
209
▪ Coeficientes de transferência maiores do que nos evaporadores de tubos horizontais
210
211
▪ Fácil limpeza de depósitos
212
213
▪ Formação de espuma reduzida
214
215
▪ É possível usar em soluções viscosas
216
217
▪ O evaporador de cesto \(variante do calandria\) tem o processo de limpeza facilitado devido à sua desmontagem
218
219
➢ Desvantagens
220
221
▪ Devem ter acoplado diversos canais de retorno para grandes instalações
222
223
▪ Continua a existir formação de espuma
224
225
▪ Para líquidos viscosos tem-se baixos coeficientes de transferência e circulação baixa
226
227
▪ Não podem ser utilizados para líquidos muito viscosos
228
229
230
231
• Evaporador de Filme Agitado
232
233
➢ Vantagens
234
235
▪ Útil para misturas viscosas
236
237
▪ Acumulação de sólidos baixa
238
239
▪ Baixos tempos de residência
240
241
242
243
➢ Desvantagens
244
245
▪ Equipamento de grandes dimensões
246
247
▪ Custo adicional devido ao agitador auxiliar
248
249
250
251
• Evaporador de Tubos Verticais Longos
252
253
➢ Vantagens
254
255
▪ Não produz espuma
256
257
▪ Coeficientes de transferência de calor altos
258
259
▪ Elevada fração de líquido evaporado
260
261
➢ Desvantagens
262
263
▪ Grandes dimensões
264
265
▪ Não se utiliza com misturas viscosas
266
267
268
269
**Custos de Operação e de Equipamento**
270
271
O custo de operação prende-se com a quantidade de calor que é necessária para a solução a tratar entrar em ebulição, por isso, é um valor variável. \[11\]
272
273
O custo para produzir o calor necessário, pode variar consoante o método de aquecimento. O ideal será aproveitar de algum ponto do processo, vapor ou outro tipo de fluido quente, de modo a que este circule numa serpentina que passa no evaporador e aqueça a mistura. Dependendo do tempo de utilização e da quantidade de calor, pode utilizar-se também uma caldeira \(biomassa, gás ou combustível\) que aqueça água \(que circule numa serpentina interior ao evaporador\), ou, em casos cuja utilização compense, uma resistência elétrica \(diretamente na mistura, ou que aqueça previamente um óleo térmico\).
274
275
Todas estas opções devem ser consideradas, e serão sempre dependentes do que se pretende concentrar, do tempo de utilização do evaporador e, acima de tudo, da quantidade de energia necessária.
276
277
278
279
Em relação aos custos do equipamento, os valores também serão dependentes primeiro da finalidade do evaporador e, consequentemente, da sua capacidade, tamanho, tipo de construção e materiais envolvidos, configuração, etc. \[11\] Foram encontrados preços em alguns mercados que variam entre os 90000€ e os 450000€ \[7\].
280
281
282
283
284
285
**Projeto do Equipamento **
286
287
288
289
Para projetar um evaporador deve-se ter em atenção alguns critérios, tais como: a quantidade de calor necessária, a solução a ser separada e a eficiência energética. \[11\]
290
291
292
293
O evaporador deve ser projetado de modo a ter o mínimo necessário de queda de pressão e de modo a a capacidade do evaporador, isto é a quantidade de calor que deve ser transferida, ou seja, a sua capacidade, não esteja sobrestimada e/ou subestimada. Estas variáveis podem trazer algumas desvantagens como insuficiência energética, perda de eficiência, gestão do espaço de fábrica deficiente e custos desnecessários de instalação e de operação do equipamento.
294
295
No projeto e seleção do equipamento é necessário ter em conta, entre outros, os seguintes aspetos: \[1\]
296
297
▪ Decomposição
298
299
▪ Localização do evaporador
300
301
▪ Variação da solubilidade do soluto com a alteração da temperatura
302
303
▪ Formação de incrustações dentro dos tubos
304
305
▪ Limpeza do equipamento
306
307
▪ Aumento da viscosidade
308
309
▪ Formação de espumas
310
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**Aplicações **
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313
314
315
Os evaporadores são equipamentos usados em diversas indústrias, entre elas, tem-se como exemplo a celulose e papel. \[1\] A madeira que dá origem ao papel é inicialmente direcionada para um processo de cozimento, formando-se um líquido que, por razões económicas e ambientais, passa por um processo de recuperação, sendo que essa se inicia na evaporação.\[13\] Estes equipamentos são também usados na dessalinização, para separação do sal e da água.
316
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Na indústria alimentar, a evaporação refere-se à operação que consiste em remover a água existente nos alimentos. Recorrendo à transferência de calor, obtém-se um produto aquoso de concentração mais elevada. Este processo é utilizado, por exemplo, na produção de sumos de fruta concentrados ou polpas de fruta. \[1\] \[14\]
318
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**Notas **
320
321
• A concentração de soluções ocorre por evaporação do solvente existindo também a remoção de vapor; \[1\]
322
323
• A operação acaba antes de ocorrer formação de precipitados \(caso contrário, seria processo de cristalização\); \[1\]
324
325
• Esta operação difere da destilação visto que existe apenas um componente volátil e que o vapor final é puro; \[1\]
326
327
• A circulação forçada permite obter coeficientes de transferência maiores o que leva a uma maior velocidade de transferência energética, mas por outro lado, exige um custo de energia acrescido.
328
329
**Referências **
330
331
\[1\] Carvalho, M. Graça, Slides de Fenómenos de Transferência II: Transferência de Calor em permutadores onde ocorre mudança de fase, 2016/2017
332
333
\[2\] Carvalho, M. Graça, Slides de Fenómenos de Transferência II: Evaporadores de Múltiplo Efeito, 2016/2017
334
335
\[3\] E. G. Azevedo, A. M. Alves, Engenharia de Processos de Separação, 3ª Ed., Imp. IST, 2017
336
337
\[4\]https://chemicalada.blogspot.com/2016/09/comparision-of-single-and-multiple.html
338
339
\(consultado a 22/02/2019\)
340
341
\[5\] http://www.thermopedia.com/content/744/ \(consultado a 22/02/2019\)
342
343
\[6\] https://slideplayer.com/slide/4385825/ \(Apresentação publicada por Willa Nichols\) \(consultado a 22/02/2019\)
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\[7\]https://wztaikang.en.made-in-china.com/product/wXPmFsvjpWVu/China-Industrial-
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Evaporator-for-Environmental-Engineering-Wastewater.html \(consultado a 23/02/2019\)
348
349
\[8\] Alan S. Foust, Leonard A. Wenzel, Curtis W. Clump, Louis Maus, L. Bryce Andersen, Princípio das Operações Unitárias, 2ª Ed, LTC Editora, 1982
350
351
\[9\]https://www.gea.com/en/products/tvr-heated-evaporation-plants.jsp
352
353
\(consultado
354
355
a
356
357
23/02/2019\)
358
359
\[10\]https://repositorio.ipl.pt/bitstream/10400.21/3194/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o.pdf
360
361
\(consultado a 23/02/2019\)
362
363
\[11\] https://www.sciencedirect.com/topics/engineering/evaporator \(consultado a 23/02/2019\)
364
365
\[12\] https://www.britannica.com/science/evaporator \(consultado a 23/02/2019\)
366
367
\[13\]http://www.conhecer.org.br/enciclop/2013a/engenharias/aplicacoes%20industriais.pdf
368
369
\(consultado a 24/02/2019\)
370
371
\[14\] http://www.ebah.pt/content/ABAAAflgoAD/evaporadores-celulose?part=4 \(consultado a 24/02/2019\)