Gás natural

  • Autor:
    • Carolina Sofia Rosário Aço - 2021232032
    • Francisca Machado Ferreira - 2021225461
  • Data: 2024-02-28

Introdução

Apresentação do gás natural

O gás natural é um combustível fóssil e uma fonte de energia não renovável. É constituído por uma mistura de derivados de combustíveis fósseis que se forma ao fim de longos períodos de tempo a partir de camadas de restos de animais, plantas e sedimentos geológicos, que quando sujeitos a pressão e elevadas temperaturas dão origem a petróleo e a esta fonte de energia. [1],\ [2]

Composição do gás natural

A sua composição pode variar dependendo de fatores relativos às condições em que o gás é produzido, processo de produção, condicionamento, processamento e transporte. Ainda assim, é constituído maioritariamente por metano (CH4), no entanto poderá ainda conter outros hidrocarbonetos, dióxido de carbono e azoto. Por exemplo, a energia que as plantas naturalmente absorvem, a luz do Sol, é armazenada sob a forma de carbono, em gás natural, sendo esta uma mistura de hidrocarbonetos leves encontrada no subsolo, na qual o metano tem uma componente superior a 70% em volume. [1],\ [2]

Composição do gás natural

Figura 1- Composição do gás natural

Origem do gás natural

Este combustível pode ser encontrado em formações rochosas subterrâneas ou em reservatórios de hidrocarbonetos em camadas de carvão através de jazidas de petróleo, por acumulações em rochas porosas, isoladas do exterior por rochas impermeáveis, associadas ou não a depósitos petrolíferos. A maior parte do gás natural que é possível encontrar foi formado pelo tempo, por dois mecanismos: os gases biogénicos (formados a partir de microorganismos metanogénicos em pântanos ou aterros sanitários) e termogénicos (formados a partir de material orgânico soterrado a grandes profundidades, em condições de alta pressão atmosférica). [1],\ [2]

Tipos de gás natural

Existem dois tipos de gás natural: o GNV e o GLP. Embora se diferenciam pela composição e aplicação, ambos são derivados do metano, sendo alguns criados pelo homem e outros provenientes da natureza. Estes gases naturais desempenham um papel fundamental em diversas áreas, desde o uso doméstico até a indústria, devido à sua versatilidade e eficiência. [3]

Introdução do gás natural em Portugal

O gás natural foi introduzido em Portugal em 1997, para dar o acesso a um novo tipo de energia competitiva, pouco poluente e cômoda. Esta decisão aumentou a competitividade da indústria do gás natural, especialmente nas que consomem muita energia e contribuiu para o desenvolvimento social e bem-estar da sociedade ao reduzir os preços da eletricidade. [1],\ [2], [6]

A Figura 2 mostra por zonas a rede de distribuição do gás natural. Em cada zona encontra-se atribuído um Operador de Rede de Distribuição.

Rede de distribuição em Portugal

Figura 2- Rede de distribuição em Portugal

Transporte e armazenamento

A distribuição do gás natural pode ser realizada por:

  • Gasodutos: operam a pressões relativamente altas, para permitir transportar maiores quantidades. Este sistema é projetado com o máximo rigor e tecnologias avançadas que visam a diminuição da necessidade de armazenamento deste combustível, assim como o uso de botijas e os seus riscos associados. Estas tubulações encontram-se a cerca de um metro de profundidade e transportam o gás natural previamente comprimido a 80 bar e a uma velocidade de cerca de 30 km/h. Ao longo destas instalações encontram-se inseridas várias estações que permitem manter o gás na pressão adequada, garantir a segurança e possibilitam a manutenção e operação do gasoduto. Quando o gás chega a território nacional, é adicionada uma molécula odorífera que lhe introduz um odor característico para detetar uma fuga ou emissão acidental nas canalizações. Em Portugal, no ano de 2023, a extensão dos gasodutos rondava os 1375 km. [1],\ [2]

Imagem ilustrativa de um gasoduto

Figura 3 - Imagem ilustrativa de um gasoduto[11]

  • Embarcações: designadas por navios-tanque de GNL. O gás é previamente arrefecido até temperaturas inferiores a 160ºC para que atinja a liquefação. Após o transporte, é encaminhado para redes de distribuição ou para pontos de armazenamento. Uma parte do gás importado é armazenado em cavernas subterrâneas. Estas reservas de gás permitem assegurar um abastecimento constante em todas as estações. [1],\ [2]

Animação ilustrativa de uma embarcação
GNL

Figura 4 - Animação ilustrativa de uma embarcação GNL

O armazenamento do gás natural pode ser em:

  • Cavernas subterrâneas: encontram-se sob pressões elevadas, para gestão dos fluxos comerciais de gás natural, mas também para a constituição de reservas estratégicas e para fins operacionais. [1],\ [2]

  • Reservatórios extintos de petróleo/gás: é o método mais simples de ser aplicado. Através desta metodologia, o gás é mantido em estruturas porosas e permeáveis, que já armazenavam hidrocarbonetos no passado, confinadas por rochas impermeáveis. De maneira a manter a pressão de funcionamento, é necessário manter permanentemente cerca de 50 a 60% do gás existente na formação como “base gás”. Como anteriormente estes reservatórios já estiveram cheios de gás natural e hidrocarbonetos, não é necessária a injeção da totalidade do “base gás” que se torna fisicamente irrecuperável. Este facto provoca um impulso económico significativo, principalmente em períodos em que os preços do gás se encontram elevados, evitando assim o desperdício. Tradicionalmente, estas instalações operam num único ciclo anual: o gás é injetado durante os períodos de baixa procura (Verão) e comercializado nos picos de consumo (Inverno). [1],\ [2]

  • Aquíferos: São massas rochosas com alta porosidade e permeabilidade, contidas entre rochas impermeáveis que acumulam água no subsolo, sendo exploradas como fontes naturais ou através de poços perfurados no local podendo, em alguns casos, serem utilizados para armazenamento subterrâneo de gás natural. Em geral, o armazenamento em aquíferos é o mais caro de ser implementado. Como o aquífero inicialmente contém água, pouco gás ocorrerá na formação, assim, do gás que é injetado, grande parte será fisicamente impossível de ser extraído, cerca de 80% do gás irá constituir o gás de base. Consequentemente, a maioria destas instalações é construída quando os preços do gás se encontram em patamares inferiores, reduzindo assim o custo de instalação. Normalmente, este tipo de aquífero é o menos desejável, no entanto, em alguns casos, os aquíferos são as únicas estruturas localizadas perto dos centros de consumo e não muito longe dos gasodutos, tornando o armazenamento eficiente. A maioria está instalada entre 500 e 2500 m de profundidade, com pressões a variar entre 40 a 300 bar, porosidades iguais ou superiores a 10% e permeabilidade acima de 20m Darcy. Habitualmente, estas instalações apresentam um único ciclo anual de operação de modo semelhante aos reservatórios. Ainda assim, o impacto ambiental desta opção é menor, comparativamente com as cavidades salinas, pois não é necessária injeção de água, nem processamento da salmoura. No entanto, a sua utilização só é permitida se o aquífero apresentar níveis de salinização que tornem a água imprópria para consumo. [1],\ [2]

Imagem ilustrativa de reservatórios, aquíferos e cavernas de gás natural

Figura 5 - Imagem ilustrativa de reservatórios, aquíferos e cavernas de gás natural [13]

Em Portugal existem instalações de armazenamento de gás no Carriço, que correspondem a cavidades salinas com grande profundidade, interligadas com uma estação de gás que gere a injeção, a partir da rede de transporte com recurso a compressores ou a extração com sistemas de desidratação do gás para posterior injeção na rede de transporte, nas condições técnicas adequadas. Também em Sines, foram descarregados 145 000 m3 de GNL em 2023. [1],\ [2]

Em suma, Portugal é um dos países da União Europeia com reservas acima dos 90% de capacidade.

Aplicações

O gás natural tem vindo a assumir um papel cada vez mais relevante no contexto energético: é uma fonte energética económica, flexível, polivalente, com excelentes características ambientais, tornando-se um produto com uma amplitude de aplicações muito vasta, desde a produção de eletricidade, calor ou frio, até à utilização nos transportes. Deve ainda ser referido que consoante a aplicação do gás natural este deve ser submetido a um processamento de forma a remover nitrogénio, água ou para a obtenção de by-products, como por exemplo etano, propano e butano. [1],\ [2]

Consumo de gás natural por setor nos Estados Unidos da América

Figura 6 - Consumo de gás natural por setor nos Estados Unidos da América

Produção de hidrogénio

Uma das principais aplicações do gás natural é a produção de hidrogénio por steam reforming. Esta via consiste na reação entre metano e vapor de água, a qual origina monóxido de carbono e hidrogénio. [1],\ [2]

Setor Residencial

Domesticamente, através dos gasodomésticos ???, o gás natural pode ser utilizado para cozinhar, lavar e secar, na obtenção de água quente, aquecimento e climatização. Está associado a custos reduzidos de manutenção, da fatura energética tornando-se muito atrativo para a população. [1],\ [2], [7]

Setor da Mobilidade

O gás natural tem sido muito requisitado nos transportes públicos, transportes individuais, nos transportes marítimos, pesados e na ferrovia. A sua utilização tem vindo a crescer nas suas duas formas de abastecimento: o GNL (gás natural liquefeito) e o GNC (gás natural comprimido). Existem soluções de abastecimento dos veículos domésticos, empresariais (para pequenas frotas) e públicos, estando Portugal a dar passos importantes no sentido de implementar infraestruturas no país com estações de enchimento capazes de responder à procura. [1],\ [2]

Estes tipos de combustível têm vindo a reduzir cerca de 25% as emissões de dióxido de carbono em relação ao gasóleo e 20-30% em relação à gasolina. Além de tornarem os veículos mais silenciosos, também libertam menos odor quando comparados aos automóveis que utilizam combustíveis tradicionais. [7]

Setor da Indústria

Ao ser versátil pode ser utilizado em diversos setores como cerâmica, vidro, indústria química, têxtil e alimentar. É também amplamente aplicado em caldeiras, fornos, secadores, aquecimento e cogeração. [1],\ [2],\ [7]

A sua utilização oferece uma solução energética eficiente devido às diversas vantagens que apresenta. A principal vantagem da sua utilização é a sua combustão limpa, ou seja, não produz resíduos sólidos nem cinzas. Além disso, por ser uma fonte de energia natural e menos poluente, a manutenção é mais fácil, mais económica e menos frequente. [7]

Setor Terciário

Este setor abrange as atividades de serviços que utilizam o gás natural para o seu funcionamento, como na restauração, hospitais, escolas, lavandarias, entre outros. [7]

O Gás Natural é uma escolha natural de muitos empresários visto que contribui para uma atividade empresarial mais sustentável, tem maior eficiência e um preço mais atrativo quando comparado com os restantes combustíveis. Além disso, é altamente compatível com equipamentos de climatização e de catering. [7]

Uso industrial

Como utilidade o gás natural pode ser utilizado em inúmeras instalações auxiliares nos mais variados processos:

  • Aquecedores de água por contacto direto: sistemas nos quais a água é aquecida diretamente pelo gás combustível, havendo transferência direta de calor entre a chama resultante da combustão do gás e a água. Estes sistemas podem ser encontrados em algumas configurações como aquecedores de água instantâneos ou aquecedores de água sem tanque. Por norma, as suas eficiências rondam os 70%. [1],\ [2]

Representação do equipamento aquecedor de água por contacto
direto.

Figura 7 - Representação do equipamento aquecedor de água por contacto direto. [17]

  • Caldeiras de Co-queima: a co-queima ou co-incineração de gás natural em caldeiras pode contribuir para uma queima mais eficiente e reduzir as emissões de poluentes em comparação com o uso exclusivo de combustíveis sólidos, como carvão. Geralmente, nesta tecnologia, o gás natural é apenas um combustível auxiliar à combustão de outros, como por exemplo, carvão, madeira ou biomassa. Apesar deste método apresentar perdas significativas de energia, a adição do gás natural permite a redução da emissão de gases nocivos. [1],\ [2]

Imagem ilustrativa de uma caldeira a gás natural

Figura 8 - Imagem ilustrativa de uma caldeira a gás natural [14]

  • Bomba de calor de absorção de gás: envolve o uso de uma fonte de calor, frequentemente gás natural, para impulsionar o processo de absorção e fornecer aquecimento ou refrigeração. As bombas de calor de absorção de gás são uma alternativa aos sistemas convencionais de compressão de vapor e são conhecidas pela sua eficiência energética em algumas condições de operação. Consiste num ciclo de permuta de calor alimentada por gás natural, onde numa primeira fase é feita a combustão do gás natural, criando um aumento de pressão e de temperatura da mistura de água e do fluido térmico, levando a um gradiente que permite a remoção eficaz de calor do ar. [1],\ [2]

Imagem ilustrativa do funcionamento de uma Bomba de calor de absorção
de gás

Figura 9- Imagem ilustrativa do funcionamento de uma Bomba de calor de absorção de gás [18]

  • Ciclo combinado: os sistemas de ciclo combinado são uma forma eficiente de geração de energia elétrica que combina dois ciclos diferentes: o ciclo de Rankine (ciclo a vapor) e o ciclo Brayton (ciclo a gás). Geralmente, o gás natural é utilizado como combustível neste tipo de sistemas. Esta tecnologia permite a utilização da energia libertada na queima do gás natural para promover o movimento da turbina e, de seguida, transformar a energia mecânica gerada em energia elétrica. Para além disto, a energia dos gases que se formam durante a combustão, a elevadas temperaturas, podem ser recuperados. [1],\ [2]

     Imagem ilustrativa da planta de um ciclo combinado

Figura 10 - Imagem ilustrativa da planta de um ciclo combinado [15]

Segurança e emissões gasosas

Efeitos da Exposição ao Gás Natural

O gás natural oferece riscos ao ser humano através da sua inalação e/ou exposição, causando dificuldades respiratórias, dor de cabeça, náuseas, tonturas, fadiga e em casos de maior exposição pode levar a perdas de consciência, de coordenação motora ou até à morte por asfixia. [1],\ [2]

Medidas de Segurança no uso do Gás Natural

O vazamento deste combustível pode rapidamente apresentar risco de explosão, sendo apenas necessária a concentração de 5% do volume para que seja criada uma atmosfera explosiva e com a presença de uma ignição entre em combustão. Neste sentido, as instalações de gás natural têm de estar equipadas com vários equipamentos de segurança como válvulas de corte e detetores de fuga devidamente sinalizadas e protegidos de descargas elétricas para que atuem em caso de incêndio ou fuga de gás. Para além disso, é necessário um sistema de purga para retirar os líquidos condensados de modo a evitar o entupimento nas tubagens. Para a utilização dos detetores de forma eficiente, é necessário considerar os gases e materiais perigosos do ambiente, as propriedades do gás natural e o fluxo de ar do local. [1],\ [2]

Comportamento e Riscos do Gás Natural em Caso de Fuga

Em caso de fuga, tendo em conta que, a condições normais (1 atm e 25°C), a sua densidade (0.648 kg/m3) é inferior à densidade do ar (1.184 kg/m3) pelo que, o gás dispersar-se-á formando uma nuvem. Esta terá zonas com concentrações dentro da gama de flamabilidade do gás natural, nomeadamente, entre 4.4 e 15%. É ainda importante referir que este gás apresenta um ponto de ebulição relativamente baixo de -162°C e ainda um risco de autoignição para temperaturas superiores a 595°C. [1],\ [2]

O grau de perigo depende da quantidade de gás presente e da ventilação do local. Em gamas de 25% a 30% de gás presente no ar, a falta de oxigénio levará a mudanças de comportamento e a um zumbido no ouvido. [1],\ [2]

Emissões

A decomposição do gás natural produz óxidos de carbono (COx), óxidos de enxofre (SOx) e óxidos de nitrogénio (NOx). Assim, quando entra em contacto com o ar, oxidantes ou compostos halogenados, o gás natural poderá formar uma mistura perigosa e até mesmo explosiva. [1],\ [2]

As emissões de dióxido de enxofre (SO2) e óxidos de nitrogénio contribuem para o aparecimento de chuvas com elevada acidez causando efeitos negativos nos ecossistemas terrestres e aquáticos. Provocam doenças nos animais e plantas e contribuem para a acumulação de metais pesados nas cadeias alimentares. [1],\ [2]

Ao utilizar gás natural na combustão reduz-se drasticamente as emissões de SO2. Já as emissões de NOx, dependem mais do tipo de combustão realizada do que o tipo de combustível utilizado. No entanto, a utilização de tecnologias inovadores, associadas ao gás natural, possibilitam a redução das emissões de óxidos de nitrogénio. [6]

Após a reabertura da economia em 2021, findado o período de pandemia, as emissões de gases com efeito de estufa provenientes da extração, processamento e transporte de petróleo e gás natural sofreram um aumento global de cerca de 5%, para cerca de 5,5 gigatoneladas (Gt) de dióxido de carbono equivalente (CO2,\ eq). No ano seguinte, foram libertadas 5,1 Gt de CO2,\ eq a nível global, contabilizando assim cerca de 15% do total de emissões diretas (scope 1). [1],\ [2]

A Agência Internacional de Energia (AIE) considera que as emissões de gases de efeito de estufa (GHG) provenientes da extração, processamento e transporte de combustíveis fósseis não estão a diminuir, o que poderá colocar em risco as metas definidas para a descarbonização até 2050. Estas emissões estão a evoluir no sentido oposto face àquele em que a economia mundial atinge a neutralidade carbónica. [1],\ [2]

Vantagens e desvantagens da utilização de Gás Natural

Atualmente, pretende-se que seja atingida a utilização de energias 100% renováveis. Com esse foco a utilização de gás natural, como fonte de energia, apresenta diversas vantagens, nomeadamente em termos ambientais, económicos e de eficiência e segurança.

Devido à sua composição, este é considerado como a fonte de energia mais limpa e menos poluente quando comparado com outros combustíveis fósseis, como o petróleo ou o carvão, uma vez que origina menores impactos ambientais, contribui para a redução dos gases de efeito de estufa (GHG) e para uma melhor qualidade do ar. Por apresentar uma menor densidade comparativamente ao ar, em caso de fuga, dissipa-se rapidamente. A sua densidade também é inferior à do petróleo e do carvão.

Os produtos resultantes da queima deste combustível são inodoros e isentos de partículas de óxido de enxofre e não geram outros tipos de resíduos o que permite prolongar o tempo de vida dos equipamentos utilizados visto que não promove a sua corrosão.

Como referido anteriormente, o seu transporte e distribuição são constantes e, ao longo dos mesmos não ocorrem transformações e as perdas são minimizadas, então o gás natural chega ao local de utilização praticamente inalterado e num menor tempo útil o que o torna mais eficiente e seguro quando comparado com outras fontes de energia. Apresenta um transporte seguro ao longo dos gasodutos e das embarcações , quando liquefeito, e é de fácil armazenamento.

O gás natural apresenta um preço competitivo face aos combustíveis tradicionais que ao combinar a sua utilização constante e queima eficiente permite maximizar o rendimento dos equipamentos, diminuindo os custos de energia e de manutenção.

Para resumir, o gás natural é considerado como a alternativa energética económica e eficiente, tendo em conta o custo-benefício. [1],\ [2]

No entanto, tudo tem as suas desvantagens. A principal desvantagem da utilização de gás natural reside na sua utilização excessiva, uma vez que este é um combustível fóssil, não renovável e por isso apresenta um tempo de vida limitado. Embora o grau de poluição seja inferior ao de petróleo e carvão mineral, ainda representa uma fração significativa de poluição atmosférica.

Nem todos os países apresentam reservas de gás natural, como é o caso de Portugal, uma vez que estas se encontram inseridas em estruturas geológicas específicas. Deste modo, a sua extração e distribuição representa um elevado investimento inicial para que sejam construídas as infraestruturas técnicas necessárias. O processo de obtenção, principalmente a etapa de extração do gás das reservas, pode ser prejudicial para o meio ambiente quando não realizado corretamente de acordo com as normas de segurança, ou ainda, em casos de acidentes e de vazamentos.

Durante a utilização de gás natural, as principais preocupações residem em questões de segurança, dado que é extremamente inflamável e explosivo e pode originar compostos tóxicos, como CO que é extremamente prejudicial para a saúde humana. Durante a utilização doméstica poderá causar incêndios, explosões ou acidentes por asfixia tendo em conta que é inodoro.

A utilização de shale gas, gás natural não convencional, tem vindo a ser associada a questões ambientais causadas pela técnica de fratura hidráulica, uma vez que a sua extração e utilização inadequada afeta o meio ambiente através de infiltrações de gás natural nos cursos de água e da fuga de químicos de extração de resíduos, tornando a água inflamável e provocando o desabamento de terras.

Concluindo, as precauções com a segurança são a maior preocupação a ter com o gás natural, pois o risco de explosão é real e evitável. [1],\ [2]

Sustentabilidade e usos futuros

A transição para uma economia de baixo carbono é um dos grandes desafios do nosso tempo. Requer o comprometimento de governos, empresas e da sociedade como um todo. Para tal, é fundamental investir em tecnologias limpas e eficientes, além de promover a educação ambiental e o uso consciente dos recursos naturais. [3],\ [4]

Assim, o gás natural surge como solução para reduzir a emissão de gases de efeito estufa, promovendo a preservação do meio ambiente e a proteção da biodiversidade. No entanto, para garantir que a extração, transporte e utilização do gás natural sejam feitos de forma sustentável, é imprescindível adotar medidas rigorosas de monitoramento e controlo, para minimizar impactos ambientais e proteger a biodiversidade. [3],\ [4]

Tem se verificado na área da indústria, uma evolução rápida da inovação e tecnologia pelo que, é fundamental que as empresas estejam atentas aos desafios e oportunidades que vão surgindo. Nesse contexto, o avanço em pesquisas e o desenvolvimento de novas fontes de energia renovável, como o hidrogénio verde e o biometano, representam uma alternativa viável para diversificar o mix energético e reduzir a dependência dos combustíveis fósseis.[3],\ [4]

Para garantir uma constante competitividade e sustentabilidade, é necessário adotar soluções tecnológicas avançadas, promover a colaboração com startups, politécnicos e universidades, entre outros. Na atual transição energética, a sustentabilidade ambiental requer uma abordagem que vá além da redução das emissões de carbono, como a preservação da biodiversidade, o uso responsável dos recursos naturais e a necessidade de promover o desenvolvimento sustentável. [3],\ [4]

Dados de mercado

O consumo de gás natural em Portugal é geralmente dividido em dois segmentos principais: [8]

  • Mercado Elétrico: refere-se ao gás natural utilizado pelas centrais de ciclo combinado para a produção de eletricidade.

  • Mercado Convencional: engloba o consumo doméstico e industrial, excluindo a produção de eletricidade. Este segmento está subdividido em três categorias:

    • GRMS – Distribuição;

    • Clientes de Alta Pressão;

    • UAG – Unidades Autónomas de Gaseificação.

     Repartição do consumo em 2024 em Portugal

Figura 11 - Repartição do consumo em 2024 em Portugal [8]

Como podemos observar na Figura 11, grande parte do consumo pertence ao mercado convencional, onde se engloba a indústria.[8] É ainda expectável que as exigências deste setor continuem a aumentar. Os desafios e oportunidades na Infraestrutura do Gás Natural passam pela logística e distribuição, regulamentação e políticas e investimentos necessários. [9]

Os principais produtores de gás natural no mundo foram os EUA, a Rússia, o Irão e a República Popular da China.[10]

Evolução da produção e importação de gás natural no
mundo

Figura 12 - Evolução da produção e importação de gás natural no mundo

Através da Figura 12, conseguimos perceber que a partir do ano 2000 houve um aumento significativo desempenhando um papel essencial para que fossem alcançadas reduções significativas de emissões de poluentes. Desde o início do século até 2021 houve um aumento de 68%, como pode ser verificado na figura acima.

Em Portugal, a utilização de gás natural é mais acentuada em uso doméstico e em uso industrial. O preço médio do gás natural em Portugal nas diferentes bandas para o ano de 2024 está representado na Figura 13. Através desta figura, verifica-se que para consumidores da banda I4, Portugal apresenta um preço médio inferior ao preço médio da União Europeia, considerando que este encontra-se entre os países com mais taxas e impostos no setor doméstico. Já no segmento doméstico, é um dos países que se apresenta à frente da União Europeia. [1],\ [2]

  Preços médios nas bandas de consumo mais representativas
de Portugal

Figura 13 - Preços médios nas bandas de consumo mais representativas de Portugal [16]

Referências

[1] Carvalho Brigite Jorge da Silva, Lemos Carolina Neves, Tarefa 1 - Utilidades Industriais do Gás Natural. Consultado em fevereiro de 2025

[2] Castanheta Carina, Tarefa 1 - Utilidades Industriais do Gás Natural. Consultado em fevereiro de 2025

[3] Gas Network, O Primeiro Passo para um Futuro Mais Verde, https://www.gasnetwork.org/post/g%C3%A1s-natural-o-primeiro-passo-para-um-futuro-mais-verde. Consultado em fevereiro de 2025

[4] Until, O Futuro do Gás Natural: Perspectivas e Desafios, https://until.pt/blog/cur-gas-natural/?accettato=1. Consultado em fevereiro de 2025

[5] REN - Redes Energéticas Nacionais, Atividade Gás, https://www.ren.pt/pt-pt/atividade/gas. Consultado em fevereiro de 2025.

[6] Entidade Reguladora Dos Serviços Energéticos. Caracterização do setor do gás natural em Portugal, Janeiro 2007. Consultado em fevereiro de 2025.

[7] Associação Portuguesa de Empresas de Gás, Indústria do Gás Natural, https://www.apeg.pt/gas-natural/industria/. Consultado em fevereiro de 2025.

[8] REN – Redes Energéticas Nacionais, Balanço Mensal do Gás Natural, https://datahub-qua.ren.pt/pt/gas-natural/balanco-mensal/. Consultado em fevereiro de 2025.

[9] Indústrias Extrativas, Benefícios e Desafios do Uso de Gás Natural em Portugal, https://www.mineralex.net/gas-natural-3/. Consultado em fevereiro de 2025.

[10] Atlas Big, Países por Produção de Gás Natural, https://www.atlasbig.com/pt-pt/paises-producao-de-gas-natural#google\_vignette. Consultado em fevereiro de 2025.

[11] BNamericas, O Projeto de Gasoduto de US$ 3,5 Bi da Argentina, https://www.bnamericas.com/pt/noticias/destaque-o-projeto-de-gasoduto-de-us-35-bi-da-argentina. Consultado em fevereiro de 2025.

[12] Transportes & Negócios, Navios de Transporte ou Abastecimento de GNL com Recorde de Entregas, https://www.transportesenegocios.pt/navios-de-transporte-ou-abastecimento-de-gnl-com-recorde-de-entregas/. Consultado em fevereiro de 2025.

[13] O Especialista, ANP Inicia Estudos para Estocagem de Gás Natural em Cavernas, https://oespecialista.com.br/gas-natural-estocagem-cavernas/. Consultado em fevereiro de 2025.

[14] Soluções Industriais, Caldeira Industrial, https://www.solucoesindustriais.com.br/caldeira-industrial. Consultado em fevereiro de 2025.

[15] Ingenieros Químicos, Planta de Ciclo Combinado (Gás Natural), https://quimicaenlaindustria6.blogspot.com/. Consultado em fevereiro de 2025.

[16] Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos. (2024). “Boletim Comparação Preços Gás Natural Eurostat”: 1.º Semestre 2024. Lisboa [17] Energir, Direct contact water heater, Instantaneous production of massive quantities of sanity hot water, https://energir.com/en/business/customer-centre/equipment/all/direct-contact-water-heater. Consultado em fevereiro de 2025.

[18] HPAC engineering, Absorption-Heat-Pump/Boiler Systems, https://www.hpac.com/heating/article/20927530/absorption-heat-pump-boiler-systems. Consultado em fevereiro de 2025.